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Liliana Dinis: "Gestão de apelido: até onde deve ir o legado familiar?"

A teoria de agência examina os conflitos de interesse entre proprietários (principais) e gestores (agentes) nas empresas em geral. Segundo o trabalho de Schulze, Lubatkin, Dino e Buchholtz (2001), as empresas familiares têm uma vantagem em relação às restantes, porque se dono e gestor forem da mesma familia, então os seus interesses de longo prazo estão alinhados, assim como a sua tolerância ao risco. Em consequência, coloca-se um dilema estrutural: até que ponto os cargos de alta direção devem ser reservados exclusivamente a membros da família? A resposta, segundo estudos recentes, aponta para a urgência de repensar esta tradição.

Como refere D’Allura (2019), a composição da equipa de topo é um reflexo da identidade estratégica da empresa e das dinâmicas internas da família que a governa. Porém, o envolvimento familiar pode tanto fortalecer como enfraquecer estas equipas, dependendo da forma como as relações e os conflitos são geridos. Isto é, quando os lugares de topo são ocupados exclusivamente por membros da família, há o risco de decisões serem moldadas por emoções, lealdades pessoais e conflitos não resolvidos. Nestes contextos, a entrada de gestores externos pode representar uma lufada de ar fresco, trazendo competências técnicas, experiências diversificadas e uma perspetiva mais racional e orientada para o mercado.

Artigo completo disponível na Renascença.

Ricardo Tomé: "O Marketing não é uma função isolada e a IA não funciona sozinha"

Há muito que o marketing deixou de ser apenas uma função centralizada. Infelizmente ainda se confunde o mesmo com apenas Promoção ou Comunicação. Ou quem Ihe chame simplesmente Propaganda. Mas o século XXI jå chegou. Sabemos hoje que a marca é o centro do negócio de onde emergem produtos e serviços apaixonantes e convincentes à compra e toda a organização está convocada, não apenas o Marketeer.

Na definição ampla (mas a meu ver adequada e não minimalista) de que o Marketing é a "experiência total", cunbada por Allen e Simmons em 2003, traz-se ao de cima que todos na empresa contribuem para esta experiência 360 percecionada pelo cliente, devendo por isso o marketing ser também adicionado nos Recursos Humanos, IT, Vendas, Serviços Centrais Administrativos...

Artigo completo disponível no Observador.

João César das Neves: "Saudades da decadência"

A verdade é que, desde sempre, as certezas em que todos nascemos e vivemos eram historicamente bastante insólitas. Esta situação aberrante surgiu de algo ainda mais invulgar: os escombros fumegantes da maior destruição da humanidade.

Foi no fundo do abismo de Berlim, Estalinegrado e Hiroshima que a humanidade definiu pela primeira vez instituições sólidas que durante 80 anos regularam as nações, promovendo a conciliação, a liberdade e, acima de tudo, uma dinâmica económica incomparável com qualquer anterior. Tirania e guerra foram rejeitadas e os povos fixaram-se na prosperidade material.

Não é difícil mostrar o fim desta ordem. A cada passo vemos violações flagrantes, descaradas e impunes dos princípios em que todos fomos educados. Quem as pratica não são terroristas ou rebeldes, mas líderes legitimamente eleitos daquelas potências que durante 80 anos defenderam a ordem.

Artigo completo disponível na Link To Leaders.

Filipe Santos: "A “blocalização” é a nova ordem mundial"

A desastrada imposição de tarifas globais pela Administração Trump na semana passada levou a um “crash” nos mercados financeiros de todo o mundo, assustados com a perspetiva de um escalar de protecionismo e receosos de uma recessão global. Inesperadamente, assistiu-se também à queda e do dólar americano, o qual serve tradicionalmente como ativode refúgio em alturas de incerteza.

A incerteza continua muito elevada e os movimentos dos mercados nas próximas semanas vão andar ao toque dos tweets. É difícil de prever se Trump está simplesmente a aplicar globalmente a sua “Artofthe Deal” lançando tarifas como salva inicial de um processo de extrair concessões de aliados e parceiros, iniciando agora negociações com cada país e recuando nas tarifas à mínima vitória, ou se ficará firme nas suas posições, forçando os países a negociações dificeis e arriscando uma escalada. Isso dependerá do nível de “lobbying” e pressão interna que sofrer, tendo as manifestações em larga escala nos EUA já começado.

Nota: Pode ler este conteúdo na íntegra na edição impressa do jornal de Negócios de 8 de abril de 2025.

Paulo Cardoso do Amaral: "O efeito de Dunning-Kruger e o viés de confirmação"

Já anteriormente discuti a aquisição de informações (Intelligence) e os enviesamentos cognitivos, ou vieses, como dois dos fundamentos mais importantes na tomada de decisão.

Este é um tema particularmente relevante para mim numa altura em que assistimos diariamente a tomadas de decisão que nos afectam profundamente, e que estão desprovidas de qualquer lógica científica ou até de simples bom senso.

Muito sinceramente, não foi isto que me ensinaram, nem o que tenho ensinado aos meus filhos e partilhado com os meus alunos. Ora, se nos faltarem ferramentas para compreender o motivo dessas decisões aparentemente tontas, não há argumentação possível nem acção que possamos tomar, o que é desesperante. Contudo, a falta de informação, contexto e cultura, aliada aos enviesamentos cognitivos (o que os anglo-saxónicos chamam de "bias"), não explica tudo.

Artigo completo disponível na  Renascença.

João Borges de Assunção: "O dia da libertação"

O governo americano decidiu criar “tarifas recíprocas” com um valor mínimo de 10% para a generalidade dos países, isentado o Canadá e O México destas tarifas adicionais. Para a União Europeia a tarifa é de 20%, para a China 34%. As tarifas mais altas vão para o Vietname com 46%, se ignorarmos Madagáscar com 47%.

Uma tarifa geral mínima de 10% entra em vigor, já no dia 5 de abril. As tarifas diferenciadas por país entram em vigor mais tarde, a 9 de abril e estão, aparentemente, sujeitas anegociação com o respetivo país. Ao desafiar a ONU, a NATO e agora a Organização Mundial do Comércio, a administração Trump parece visar a desconstrução das instituições internacionais criadas pelos EUA após a Segunda Guerra Mundial. 

Nota: Pode ler este conteúdo na íntegra na edição impressa do jornal de Negócios de 4 de abril de 2025.

Sílvia Almeida: "Não seja um Blockbuster no mundo Netflix: a IA veio para ficar!"

Imagine se um empresário, em 1997, dissesse: "Esta coisa da Internet? É só uma moda passageira. Os meus clientes vão sempre preferir as máquinas de fax". Hoje rimo-nos, mas, na altura, muitos empresários credíveis acreditavam genuinamente nisso - pouco antes de a revolução digital os obrigar a correr para recuperar o atraso.

Hoje, estaremos a assistir a uma repetição da história? O GEM Global Report 2024-2025 revela dados surpreendentes:a maioria dos novos empresários não vê como a inteligência artificial (IА) poderá mudar os seus negócios nos próximos anos. Segundo o relatório, em aproximadamente três de cada quatro países inquiridos (36 em 49), menos de 30% dos empresários pensam que a IA será muito importante para as suas empresas nos próximos três anoS.

Nota: Este conteúdo é exclusivo dos assinantes do jornal Observador de 4 de abrilde 2025.

Mónica Seabra-Mendes: "Gestão do luxo, uma escola de paciência, visão e coragem"

A gestão de marcas e empresas de luxo requer profissionais com perfis muito específicos, ao exigir que se equilibre negócio e arte, gestores e criativos e ao pressupor uma gestão contraintuitiva, muito diferente da tradicional lógica económica.

A importância de ensinar o luxo e a sua forma particular de gestão vai muito para além do mercado do luxo. No luxo transmite-se conceitos de excelência, criatividade, exclusividade e liderança num contexto de longo prazo. Na realidade, as ferramentas da gestão do luxo poderão, e deverão, servir para acrescentar valor a qualquer produto ou serviço, independentemente do setor e segmento em que atue.

Artigo completo disponível no ECO.

André Alves: "Quando a comunicação e o marketing falham, a democracia treme"

Como já é tradição neste país, os últimos acontecimentos políticos transformaram, subitamente, treinadores de bancada em gestores, contabilistas e até juízes da vida alheia. A queda do Governo liderado por Luís Montenegro não foi um simples tropeção na democracia, mas sim uma autêntica novela transmitida em horário nobre, com um plot twist digno de Óscar. O enredo? Um protagonista atolado em conflitos de interesse, uma comunicação desastrosa digna de um filme de terror e uma incapacidade estrondosa de gerir a perceção pública. Para completar o caos, a comunicação e o marketing político conseguiu fazer aquilo que melhor sabe: tanto constrói carreiras como as destrói num piscar de olhos.

Antes de analisarmos o que poderia ter sido feito de forma diferente, comecemos por um conceito básico, mas que parece estar cada vez mais em desuso na política moderna — honestidade. Nos dias de hoje, a perceção vale tanto (ou mais) do que os factos. Montenegro poderia estar repleto de boas intenções (e sim, já sabemos que o inferno está cheio delas), mas se o público e a comunicação social sentem cheiro a sangue no oceano, então não hesitam: atacam para matar.

Artigo completo disponível no ECO.

Pedro Celeste: "Uma coisa é certa: Incerteza"

O tempo de dar credibilidade à construção de cenários futuros sobre as tendências económicas, setoriais ou empresariais faz parte do passado. Aprendemos todos os dias, com exemplos concretos com origem em conflitos políticos e económicos, que vivemos, cada vez mais, num cenário de incerteza e de grande volatilidade.

O gráfico da cotação em bolsa de algumas das marcas de referência mundiais mais parece um registo de um eletrocardiograma repleto de arritmias.

Foi neste panorama que a NVidia se tornou repentinamente na marca mais valiosa no mundo, ultrapassando a Apple com uma capitalização bolsista perto dos 3,5 biliões de dólares, tendo triplicado o seu valor no espaço de um ano. Foi neste contexto que analistas reputados perspetivavam um crescimento contínuo do valor das suas ações para um patamar perto dos 160 dólares a breve prazo.

Artigo completo disponível na Renascença.

João César das Neves desafia empresários a evitar a “fantasia pagã do Senhor dos Anéis"

“A única maneira de ter esperança é abandonar a fantasia pagã e adotar o realismo cristão”.

Este é o conselho deixado pelo economista João César das Neves no arranque do segundo e último dia do Congresso da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), alertando para a não ficção que considera existir e que “invade hoje a política”.

O economista e professor da Universidade Católica Portuguesa (UCP) define os três princípios da “fantasia pagã” a evitar, num mundo atual em que “temos personagens da não ficção”, dando o exemplo de o país ter “um político que foi comentador desportivo”, numa referência implícita a André Ventura, líder do Chega, que participou em programas sobre futebol na CMTV.

Artigo completo disponível na Renascença.

Céline Abecasis Moedas: "A longevidade das mulheres (mais visíveis)"

As mulheres vivem, em média, mais tempo do que os homens. Em Portugal e na Europa, a esperança média de vida é de 85 anos para as mulheres e 79 para os homens. No entanto, raramente se discute o facto de que as mulheres vivem mais anos, mas com problemas de saúde e enfrentam desigualdades significativas no acesso a tratamentos.

O tema ganhou destaque recentemente, tanto pelo Dia Internacional da Mulher (no início deste mês), como pela conferência Century Summit, do Stanford Center on Longevity (na qual participei), onde a longevidade feminina foi amplamente debatida.

Enquanto mulher e investigadora, este tema interessa-me profundamente.

Nota: Este conteúdo é exclusivo dos assinantes do Observador de 28 de março de 2025.