O Dilema: "A vacinação não é uma capa mágica que vai proteger a 100%"
O estudo do ISAG - European Business School e pelo Centro de Investigação em Ciências Empresariais e Turismo da Fundação Consuelo Vieira da Costa (CICET-FCVC), apresentado na segunda-feira, mostra que apenas 76% dos portugueses têm a certeza de que querem ser vacinados contra a covid-19, incluindo os inquiridos que já tinham tomado a vacina.
Relatórios semelhantes têm vindo a apresentar conclusões da mesma natureza, um pouco por todo o planeta. Os estudos acentuado a discussão sobre uma eventual declaração da obrigatoriedade da toma da vacina quer em Portugal como noutros estados.
Henrique Lopes, professor de saúde pública e coordenador da investigação científica da unidade de saúde pública da Universidade Católica, considera que esta é uma questão "muito complexa". O especialista lembra que este tipo de obrigação só tem sido declarada perante em tentativas de "erradicação de doenças ou quando a doença ameaça a comunidade como um todo". Essa questão é realmente muito complexa.
A determinação de obrigação de uma vacina é sempre uma ponderação entre os riscos e os ganhos que ela possa conter. Conforme o grau de coerção que se tem de exercer sobre as pessoas, também se tem de ter em conta o ganho que se obtém pela inoculação de uma vacina.
Basicamente, têm sido feitas obrigatoriedades em duas condições: ou quanto é para a erradicação de doenças ou quando a doença ameaça a comunidade como um todo. Ou seja, tal como nós não podemos ir à caça e andar com a arma carregada junto aos nossos amigos, também não podemos tornarmo-nos uma ameaça perante a outras pessoas. Na imagem do caçador, é descarregar a arma para que as pessoas possam estar ao pé dos outros", explica Henrique Lopes. No entanto, Henrique Lopes lembra ainda que já existem circunstâncias em que os cidadãos são obrigados a tomar determinadas vacinas. Isto já é antigo, só que nós, nos países mais ricos, não temos o hábito da obrigatoriedade de vacinas para entrar numa fronteira. Normalmente, isso é associado a países em desenvolvimento.
Realmente, quando se vai para África é preciso tomar a vacina da malária e da febre amarelo. Toca-nos agora também a nós, porque sendo uma pandemia, está generalizado. Necessariamente, vários países irão adotar regras de obrigatoriedade de vacinação", diz o professor de saúde pública. A comentadora da TVI Maria João Marques acredita que as pessoas são livres de tomar as decisões que entendem, mas as que a sociedade não pode ser afetada pelas consequências que daí advêm.
"As pessoas livremente tomam as suas decisões e sofrem as consequências das mesmas, que não podem ser transpostas para a comunidade", aponta a comentadora da TVI. Maria João Marques acrescenta que não seria apanhada de surpresa se alguns países optassem por implementar uma obrigatoriedade de vacinação contra a covid-19. Não fico escandalizada se algum estado tornar a vacina obrigatória.
Pode assistir à emissão completa aqui.
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