Dia Internacional dos Arquivos: “Os guardiões da memória coletiva”
Dia 9 de junho celebra-se o Dia Internacional dos Arquivos, com o objetivo de reconhecer a importância dos arquivos como guardiões da memória coletiva e de promover a valorização e preservação dessas fontes de conhecimento para a sociedade.
Desde 2007 que se celebra a data, instituída pelo Conselho Internacional de Arquivos, durante a Assembleia Geral realizada no Québec.
Alice Borges Gago, investigadora do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa (UCP-CEHR), na área da arquivística, destaca o papel crucial dos arquivos na sociedade e na educação. A investigadora considera os arquivos “guardiões da memória coletiva” e acrescenta que arquivos e arquivistas desempenham um “papel importante na responsabilização, na transparência, na necessidade de adoção de medidas de acesso, na preservação do património e da memória da sociedade”, concluindo, “na compreensão do passado e do presente e na construção do futuro”.
O contacto com as fontes documentais, decorrente da frequência de uma licenciatura e mestrado em História, e, posteriormente, de uma pós-graduação em Ciências da Documentação motivaram o interesse em prosseguir estudos na área. Após o doutoramento em História, onde se especializou na área da arquivística, surgiu a oportunidade de trabalhar em arquivo, nos projetos de organização de arquivos desenvolvidos no UCP-CEHR e em diversos projetos de consultoria e organização de fundos de arquivo. “Sempre me interessou a organização de fundos ou coleções, reveladoras de documentação inédita ou pouco conhecida”, partilha Alice.
A investigadora analisa a evolução da profissão, especialmente com o avanço da tecnologia digital, considerando que a transição digital nos arquivos veio “reforçar a importância do arquivista na gestão da informação”. As novas tecnologias permitiram a organização e difusão da informação de forma rápida, possibilitando o acesso global aos arquivos e documentos. Com esta nova realidade “o perfil do arquivista alterou-se”, observa Alice, destacando que as funções passaram a ser também as de “gestor de informação, incorporando a responsabilidade de definir políticas de gestão documental, de as aplicar em contexto e de promover a difusão da informação".
Para a Universidade Católica Portuguesa, os arquivos têm um papel inestimável, tanto a institucional como educacional. “Os arquivos universitários constituem a memória da instituição”, destaca Alice Borges Gago. É através dos arquivos que fica documentada a evolução da universidade, a renovação curricular e a investigação científica.
Detalha também que entre os arquivos preservados na UCP, se encontram arquivos dos vários serviços que a constituem (reitoria, serviços gerais, recursos humanos, secretaria de alunos, tesouraria, entre outros) mas também os das faculdades, dos centros de investigação, da biblioteca. Nesta, para além do fundo geral, existem também coleções de livro antigo e arquivos, fruto de doações.
Em 2022 foi iniciado um projeto muito relevante na UCP: a organização do arquivo da Reitoria desde a fundação da Universidade. "Atualmente, estamos na fase de descrição arquivística dessas unidades, com cerca de um quarto do trabalho já concluído", revela Alice.
O trabalho dos arquivistas é essencial para a preservação da memória e do património da Universidade Católica Portuguesa, garantindo que as futuras gerações possam compreender e valorizar a história e evolução desta instituição.