Dia Mundial da Língua Portuguesa: As cinco escolhas de Jorge Vaz de Carvalho
Na semana em que celebramos o Dia Mundial da Língua Portuguesa, a 5 de maio, a Universidade Católica Portuguesa dá a conhecer as obras literárias escolhidas por três membros da comunidade académica para comemorar a língua portuguesa.
Apresentamos hoje as cinco obras escolhidas pelo docente da Faculdade de Ciências Humanas, Jorge Vaz de Carvalho. Para assinalar este dia, o docente dá-nos a conhecer obras de autores portugueses e também traduções de obras de autores internacionais, pois uma boa tradução de um grande autor estrangeiro é também uma forma de elevar a língua portuguesa, nas palavras do Professor Jorge Vaz de Carvalho.
1. O Romance de Tristão e Isolda, renovado por Joseph Bédier
Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes
Sistema Solar, 2012
«O amor feliz não tem história», diz Denis de Rougemont. Esta é a grande história medieval que se exaltaria como modelo para o romance de amor ocidental: a paixão que vence a razão e quebra as leis morais, que supera os obstáculos e transfigura os seres, e que, pela imensa força fatal, leva à morte os amantes para os tornar imortais.
2. Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra
BI – Biblioteca de Editores Independentes
Uma viagem de Lisboa a Santarém é, afinal, pretexto para uma viagem intelectual e moral pelo estado do país saído da vitória dos Liberais sobre o Absolutismo, ao encontro de uma história de amor infeliz em tempos de inimizade entre os filhos da nação. Nos planos narrativos, Garrett escreve a mais notável ficção do Romantismo português, modernizando a língua pátria no perfeito equilíbrio de uma arte cuja intencionalidade deve ainda hoje ser um modelo de criatividade e prazer.
3. Lev Tolstoi, Anna Karénina
Tradução de António Pescada
Relógio de Água, 2006
«Todas as famílias felizes são iguais, mas cada família infeliz é infeliz à sua maneira». Deste tema inicial, desenvolve-se a mais notável polifonia do romance oitocentista (de todo o romance?), sob a batuta de um narrador omnisciente (de atitudes e decisões aos íntimos pensamentos e sentimentos profundos das personagens, como da vária matéria política, económica, social e moral) que tudo dá a ver verdadeiramente, no espaço-tempo, com a arte insuperável e a energia absoluta da composição verbal.
4. James Joyce, Ulisses
Tradução de Jorge Vaz de Carvalho
Relógio d’Água, 2013
A travessia da cidade de Dublin ao longo de uma vida, ou na quinta-feira 16 de Junho de 1904, pode requerer a astúcia e a audácia, trazer os prazeres e os dissabores, o comicidade e tragédia de dimensões homéricas. As vidas patéticas de heróis do quotidiano de baixa condição ascendem à epopeia por via da mais extraordinária recriação da linguagem jamais elaborada pela ficção modernista. Quem não lê Joyce não pode admirar do cume a paisagem do romance como género literário.
5. Jorge de Sena, Sinais de Fogo
Guimarães Editores
No tempo fútil de umas férias de verão, um jovem universitário desperta para a consciência política, a descoberta do amor-erótico, a revelação da vocação de poeta. Uma história de aprendizagem e amadurecimento pela mão de um escritor e intelectual maior da nossa história literária e cultural. O melhor romance da literatura portuguesa, juntamente com «Os Maias» de Eça de Queirós.