Investigação do CBQF em destaque na capa da Marine Drugs
Um estudo recente liderado por Marta Cunha, Ezequiel Coscueta, María Emilia Brassesco e Manuela Pintado, investigadores do Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF) da Universidade Católica Portuguesa, recebeu um reconhecimento especial ao ser destacado na capa da revista Marine Drugs. Esta investigação, desenvolvida no âmbito do projeto FISHMUC, centrou-se no peixe-sapo lusitano (Halobatrachus didactylus), nomeadamente no seu abundante muco, que apresenta notáveis propriedades antioxidantes, antimicrobianas e anti-hipertensivas.
Recorrendo a métodos computacionais avançados, a equipa identificou vários péptidos com potencial antioxidante, anti-hipertensivo e antidiabético. Estas propriedades foram posteriormente confirmadas em laboratório, demonstrando o papel promissor destes compostos na proteção celular contra o stress oxidativo e na regulação da pressão arterial e dos níveis de açúcar no sangue.
Além disso, alguns dos péptidos identificados mostraram capacidade para prevenir a formação de biofilmes bacterianos, estruturas responsáveis por infeções persistentes e pelo aumento da resistência aos antibióticos. Um dos principais achados do estudo foi a descoberta de que estes péptidos interagem naturalmente com o muco do peixe, potenciando a sua bioatividade. No entanto, quando isolados, tendem a agregar-se em determinadas condições, reduzindo a sua eficácia. Compreender como o muco otimiza a função destes péptidos abre novas possibilidades para a sua aplicação nas indústrias alimentar, farmacêutica e cosmética.
Este estudo reforça a importância dos ambientes marinhos como fontes ricas em compostos bioativos com potencial benefício para a saúde humana. Investigações futuras irão focar-se na otimização da estabilidade dos péptidos e na exploração de novas estratégias para potenciar as suas propriedades, incluindo técnicas de encapsulamento e o uso de materiais biomiméticos que reproduzem o ambiente natural do muco.
O trabalho já resultou na concessão de uma patente (PT118365) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial, assinalando um passo importante na jornada para levar estes péptidos promissores ao mercado.
O CBQF mantém-se empenhado em impulsionar a descoberta científica e em traduzir o conhecimento em aplicações práticas que promovam a inovação nas áreas da saúde e biotecnologia.