Aldino Santos de Campos: "O efeito Dunning-Kruger no desenho da nova ordem mundial"
Vivemos tempos diferentes e desconhecidos, embora não os devêssemos estranhar! A instabilidade é uma sensação que, de forma mais ou menos evidente, nos conduz por caminhos alternativos aos percorridos anteriormente. Ao olharmos para a história europeia, talvez tenhamos vivido uma espécie de pseudopaz duradoura nos últimos 75 anos. Essa realidade, assumida por muitos como um dado adquirido, moldou a Europa que conhecemos hoje. Não tenho dúvidas de que a política europeia possui muitas virtudes, algumas até únicas no mundo, mas também tem os seus desencantos. Foi precisamente sobre estes que J.D. Vance tentou alertar a Europa - e o mundo - na sua intervenção na recente Conferência de Segurança de Munique. Ao concentrarmo-nos nos fundamentos basilares da União Europeia, descurámos a nossa independência securitária, confiando-a à defesa coletiva da NATO, assegurada pelos Estados Unidos.
Essa mesma dependência explica, em parte, a expansão da NATO para leste. No entanto, esse paradigma está a mudar - e continuará a mudar. Não vale a pena iludirmo-nos, pensando que estamos apenas a viver um mau momento e que a ordem mundial se restabelecerá após a presidência de Donald Trump. Num mundo com oito mil milhões de habitantes, os destinos das nossas vidas estão a ser moldados por um grupo restrito de poucas dezenas de pessoas.
Nota: Este conteúdo é exclusivo dos assinantes do jornal de Negócios de 17 de fevereiro de 2025.