José Miguel Sardica: "O mundo pós-literário"
Um dos mais recentes estudos-inquéritos «Monitoring the Future» do «Institute for Social Research» dos EUA foi noticiado com títulos chamativos, de que é exemplo “Não é só impressão sua: os humanos estão mesmo a ficar mais burros”! Descontando o sensacionalismo da notícia e a generalização abusiva da conclusão, há dados objetivos que são preocupantes, sobretudo quando cruzados com os indicadores PISA da OCDE. A partir do início da década de 2010 (talvez antes), e piorando com os confinamentos da pandemia, aumentou o número de adolescentes estudantes e de jovens adultos que manifestam dificuldade em concentrar-se, em pensar e em reter e processar novas informações, em contexto escolar, profissional ou social. Por isso, cultivar-se, raciocinar e resolver problemas é um desafio crescente, cujos obstáculos levam, muitas vezes, à desistência ou ao mau desempenho em disciplinas ou competências de leitura, matemática ou ciências.
Imaginando que a morfologia dos cérebros humanos não se alterou, o problema estará na relação dos mais novos com o real circundante. As sociedades trocaram o modo analógico pelo meio digital e fizeram deste - empregando a máxima de Marshall McLuhan - a única mensagem a reter. Os meios de aprendizagem, informação e comunicação são hoje ecrãs e as suas mensagens (rápidas, fugazes, entrecortadas, sumárias) são quase tudo o que os mais jovens têm diante de si. Isto significa que a dominante interação individual com a net e as redes sociais fez declinar hábitos de leitura, aptidões numéricas e, em geral, curiosidade intelectual para procurar e absorver novas informações e narrativas (do) mundo.
Artigo completo disponível na Renascença.
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