Liliana Dinis: "Gestão de apelido: até onde deve ir o legado familiar?"
A teoria de agência examina os conflitos de interesse entre proprietários (principais) e gestores (agentes) nas empresas em geral. Segundo o trabalho de Schulze, Lubatkin, Dino e Buchholtz (2001), as empresas familiares têm uma vantagem em relação às restantes, porque se dono e gestor forem da mesma familia, então os seus interesses de longo prazo estão alinhados, assim como a sua tolerância ao risco. Em consequência, coloca-se um dilema estrutural: até que ponto os cargos de alta direção devem ser reservados exclusivamente a membros da família? A resposta, segundo estudos recentes, aponta para a urgência de repensar esta tradição.
Como refere D’Allura (2019), a composição da equipa de topo é um reflexo da identidade estratégica da empresa e das dinâmicas internas da família que a governa. Porém, o envolvimento familiar pode tanto fortalecer como enfraquecer estas equipas, dependendo da forma como as relações e os conflitos são geridos. Isto é, quando os lugares de topo são ocupados exclusivamente por membros da família, há o risco de decisões serem moldadas por emoções, lealdades pessoais e conflitos não resolvidos. Nestes contextos, a entrada de gestores externos pode representar uma lufada de ar fresco, trazendo competências técnicas, experiências diversificadas e uma perspetiva mais racional e orientada para o mercado.
Artigo completo disponível na Renascença.
Categorias: Católica-Lisbon School of Business & Economics