Susana Costa e Silva: "A desigualdade intra-género"
No Dia Internacional da Mulher talvez seja altura de refletir sobre o que representa esta comemoração à entrada dos anos 20 desta década, em diferentes pontos do globo. Desde a esfera pessoal à profissional, ser-se mulher em 2022 tem abrangências profundamente díspares. Ser mulher é, infelizmente, ainda muito pouco dignificante nalguns países e, nalguns casos, até, um fardo a que é impossível escapar.
Há pouco mais de seis meses aceitei o desafio de tentar ajudar um ex-aluno da Católica Porto Business School, afegão, a trazer mãe e irmã de Cabul. Foi o início de uma epopeia de contactos. Após uma primeira tentativa das autoridades portuguesas para retirarem as duas mulheres de Cabul, em agosto, pensamos que nada mais havia a fazer. Mas, dois meses depois estávamos juntas, para celebrar a nova etapa na vida destas mulheres. Recebi ajuda de pessoas que mal conhecia e de outras que não conhecia de todo. E, numa pequena mostra do que vemos hoje acontecer, em Portugal, junto da população ucraniana, foi possível testemunhar a união a fazer a força, na reunificação desta família.
A ameaça era bem real: em Cabul, sem um homem na família que delas se encarregasse (o único filho/irmão estava em Portugal como refugiado político, depois de se ter recusado a sabotar o sistema de telecomunicações da empresa onde trabalhava), poucas esperanças tinham sobre os seus destinos. A mais jovem, com formação em gestão, e com lastro de ativista pelos direitos das mulheres afegãs, estava já numa lista de mulheres não gratas ao regime taliban; a mais velha, limitada na sua locomoção, não teria certamente como não depender da ajuda e caridade alheia, apesar de ter a sua própria casa e o seu próprio rendimento.
Artigo completo disponível no Público.
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