"Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria", por Padre Miguel Vasconcelos
Há 170 anos, em nome de toda a Igreja, o Papa Pio IX proclamava a festa deste dia 8 de Dezembro: a Imaculada Conceição da Virem Santa Maria; Maria, mãe de Deus, foi preservada do pecado original desde o primeiro instante da sua existência. E se é certo que estas formulações nos podem soar algo pesadas e, para alguns, até anacrónicas, não é menos verdade que este é um dia leve e actual.
Este é um dia leve, porque mostra a fidelidade de Deus e das suas escolhas. A Imaculada Conceição significa um sim proferido não apenas com as palavras conscientes de Maria, como viria a acontecer mais tarde quando é visitada pelo anjo, que lhe anuncia o nascimento do Salvador, mas um sim proclamado também da parte de Deus, quando escolhe a Virgem Maria inteira e a elege, na totalidade da sua pessoa, para a missão que a Ela quer cofiar. Com efeito, porque Deus a olha com um sim primordial, Maria é, toda ela e desde o princípio, um sim respondido e retribuído a Deus. Maria nasce imaculada sem mérito próprio, mas permanece imaculada porque toda a sua liberdade é posta em acto ao entregar-se nas mãos d’Aquele que a escolhera e preparara desde sempre.
Este é também um dia atual, porque dá conta de uma promessa que Deus quer continuar cumprir: tal como já fez em Maria, preservando-a do pecado original, Deus quer trazer-nos de volta para a Graça original com que criou o mundo. O sim de Deus ecoa já no relato da Criação, onde tudo é criado pela palavra afirmativa de Deus, sem que haja um único não. Com efeito, tudo o que Deus fez em Maria, que fazer também connosco; o sim originário que sobre ela recai, é o mesmo sim que Deus quer fazer recair sobre cada um de nós, em todos os momentos da nossa vida.
Em pleno Advento, de olhos fixos no Natal que está à porta, é este o convite que temos para responder: Deus quer arquitectar em mim a santidade verdadeira, trazendo ao de cima todas as possibilidades de bem que em mim se encerram; Deus quer ensinar-me a leveza dos gestos límpidos e livres, e a pertinência actual de um projecto de amor. E eu? O que lhe respondo?
Padre Miguel Cabedo e Vasconcelos