"São José – Pai porque discípulo", por João Maia, aluno do 2.º ano de mestrado em Teologia

A longa História da Igreja sempre conservou a figura de José como participante e especial testemunha da narrativa salvífica. Muitos foram os títulos, cognomes e adjetivos associados a esta personagem bíblica, a mesma que jamais tem uma única frase de diálogo. De facto, nos evangelhos falam as multidões, os pastores, os magos, os fariseus, os saduceus e tantos outros, mas nunca aquele a quem foi confiada a proteção de Maria e de Jesus. São dezenas as personagens que têm interlocuções no decorrer do texto e, todavia, poucas têm a centralidade confiada a José.

Não raras vezes vemos que quando se fala de São José se enfatiza a dimensão de protetor da Sagrada Família ou antes se elogia a castidade esponsal em que procurou viver. A dimensão do justo e até mesmo a do carinhoso e idoso pai adotivo de Jesus preencheram o imaginário e a imagética eclesial ao longo de séculos. São centenas os quadros e imagens de José como o idoso com o pequeno Jesus no colo ou como o humilde carpinteiro de Nazaré. Tudo isso tem o seu lugar, mas é redutor, limitado e simplista se for tudo o que podemos dizer de José. Nascido na região do que viria a ser a Palestina romana, José tornou-se uma figura chave na História da Salvação. Quando refletimos no texto bíblico vemos que este simples artesão foi decisivo, corajoso e exemplar. O descendente da casa de David é um exemplo de pai, porque primeiramente foi um exemplo de discípulo fiel e atento. Não colocamos em causa a ternura que rodeia a figura de José, no entanto, queremos antes evidenciar que essa ternura se reveste de especial seriedade, coragem e determinação que podem passar despercebidas quando ficamos pelas imagens comuns.

José acolhe para si uma missão de paternidade única e em nada inferior a nenhum dos pais da História humana. Ele é o garante da família de Nazaré pelo seu trabalho, pelo seu amor e pelo sacrifício oblativo. Sim, José é um “homem justo”, não apenas porque comtempla Deus feito carne, mas antes e primeiramente porque garante que esse pequeno bebé possa crescer e chegar à idade adulta. Quando há mais de 150 anos o Papa Pio IX fez de José padroeiro da Igreja, enfatizou precisamente a ação de José. Ele é o determinado protetor, o ator que assegura o sustento, não como mera obrigação, mas por amor tanto a Maria, como ao próprio Deus de Israel, do qual é fiel discípulo desde cedo. José é figura privilegiada do que significa viver na caridade de Deus.

Neste dia em que celebramos o dia do Pai, tenhamos presente esta figura paternal, que não o sendo pela condição genética, o foi pela vivência quotidiana e permanente. Em São José temos um exemplo tanto para os pais como para os filhos, porque todos são chamados a ser discípulos de Cristo.

João Maia - 2º ano do Mestrado Integrado em Teologia

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